Aprender a pensar: a passagem da “Menoridade” para a “Maioridade”

Para Immanuel Kant, a criança pequena é movida por seus desejos e inclinações, ela age por caprichos e vontades arbitrárias, sendo assim um ser que não age segundo as leis que regem a sociedade. Por isso a mesma deve ser instruída e disciplinada para que saia do “Estado Selvagem” e aprenda a seguir as regras existentes segundo as leis da humanidade, deixando gradativamente de seguir apenas suas vontades e paixões. Deve-se retirar a animalidade da criança, impondo-lhe limites para que se possa educá-la. Este processo precisa acontecer bem cedo para que ela se acostume a obedecer, isto pelo fato de que é muito difícil mudar o comportamento do ser humano depois de um longo período em que ele apenas seguiu seus instintos. Entretanto a disciplina tira do ser humano a capacidade de pensar por si, e o transforma em um ser meramente treinado e não verdadeiramente esclarecido, por este motivo esse momento de treinamento deve ser breve, pois, o homem precisa pensar por conta própria. Na “menoridade” o ser humano é incapaz de fazer uso de sua própria razão, de pensar por si mesmo sem ter alguém lhe monitorando, age pelas leis da casualidade. Já na “maioridade” o mesmo tem capacidade de pensar por si sendo ele livre, pois, faz uso da razão estabelecendo uma lei moral e ética, agindo por dever e sendo responsável por seus atos. É preciso dar gradativamente liberdade à criança desde cedo, sabendo estabelecer limites para que esta liberdade não lhe prejudique ou prejudique a outros.

A educação é a transição da “heteronomia” (quando os outros pensam pela criança e as regras são impostas e obedecidas), para a “autonomia” (quando o homem pensa por si e onde ele é auto-legislador, obedecendo a lei moral).  Segundo Kant, na educação do ser humano existem quatro passos fundamentais, o primeiro passo é o da “disciplina”, onde a animalidade do homem é reprimida para que seu caráter possa vir a ser desenvolvido. Tornar o ser humano culto é o segundo passo, pois, a “cultura” engloba vários conhecimentos dando-lhe possibilidades múltiplas para muitos fins. O terceiro passo trata-se da “civilidade”, uma cultura que preza as cerimônias sociais como, por exemplo, a gentileza e a prudência para com os outros e de tudo que diz respeito à formação do cidadão. Por fim o quarto passo, a “moralização”, que para Kant é o mais importante porque para ele é infinitamente mais significativo pensar por si e escolher bons fins para todos, do que apenas ter sorte em seus próprios fins, uma vez que a formação moral da ao homem bons valores a respeito da espécie humana.

No final do processo da educação o homem consegue pensar por conta própria e é capaz de tomar decisões com base na lei moral como um produto da razão estabelecida por nós mesmos e que deve ser universal. Devemos ter o hábito de agir moralmente segundo certas máximas, ou seja, agir conforme regras que o homem estabelece para si mesmo e que sempre deverá valer para todos, formando assim o caráter. Hoje em dia vemos que não existe a verdadeira moralidade, uma vez que, a maioria das pessoas só visa o seu próprio benefício, mesmo que isso traga prejuízos para outros e para a humanidade.

Aprender a pensar é o mais relevante na educação, as crianças devem saber o que é melhor para todos por si e por virtude, e não porque alguém impôs ou porque Deus determinou. O esclarecimento acontece quando o ser humano sai de sua menoridade autoculpada e chega à maioridade. A educação contribui para o esclarecimento da humanidade, pois, o esclarecimento transforma o homem ao ponto dele fazer uso da sua razão para beneficiar a todos. O homem só se torna um verdadeiro homem se for educado, e é claro que ele recebe a educação de outros homens que como ele também foram educados.

OLIVEIRA, Juliana. 2012.

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